Gostaria de fazer um pequeno comentário a respeito do embate, analisado dias atrás, entre representantes da mídia durante a cobertura do caso Eloá.
Em uma postagem anterior, indiquei que a briga se deu entre Datena e Abrão. Contudo, assistindo o programa do primeiro dias desses, percebi que as críticas proferidas referiam-se, em maior medida, à cobertura da Record sobre o incidente.
De fato, essa emissora, assim como a de Abrão, realizou entrevistas com Lindemberg, o ex-namorado de Eloá ainda durante o cativeiro, mas não parou por aí: conseguiu, misteriosamente, adentrar o presídio em que Lindemberg foi confinado após o desfecho do caso, obtendo, em primeira mão, uma "entrevista" com o próprio autor do crime. A emissora, ao tomar essa espécie de atitude jornalística, em seu desespero por superção da audiência da Rede Globo, mandou a ética às favas, de forma tão ou mais forte do que Abrão. Suas intervenções jornalísticas poderiam inclusive ser interpretadas como obstáculos aos procedimentos policiais na situação do cativeiro.
Um agravamente para a atuação da emissora do bispo Edir Macedo é a insistência pela busca de uma imagem "séria", preocupação estética importada, também, da Globo. Ao contrário de canais como o SBT e a Rede Tv, que admitem e cultivam sua imagem brega e sensacionalista, a Record tenta camuflar esse caráter, próprio de sua atuação real. Demostrando seu caráter hipócrita, essa rede age de forma extremamente sensacionalista buscando, em paralelo, manter uma imagem exterior de seriedade e ética absolutos.
Embora Datena continue sendo uma figura deplorável do jornalismo brasileiro, como muitas outras, nesse episódio ele ganhou alguns pontinhos, em minha opinião: demonstrando certa coragem (estimulada, é claro, pelos interesses próprios de seu programa e sua emissora), o gordinho enfrentou seus rivais sensacionalistas convocando até a Justiça à puní-los criminalmente pela atuação deplorável no caso Eloá.
Pedro Mancini
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