quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Preparativos para o Show

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Já entrando no clima do Rock´n Roll, pois estarei no show do IRON MAIDEN esse domingo, e devido à falta de tempo e vontade de publicar algo mais elaborado, postarei apenas a tradução da letra de uma das minhas músicas favoritas, da banda System of a Down (Fonte:http://letras.terra.com.br/system-of-a-down/303086/), que, para mim, fala de forma interessante e enigmática sobre a alienação presente na sociedade contemporânea:











Hypnotize (tradução)
System of a Down
Composição: Daron Malakian e Serj Tankian


Por que você não pergunta para as crianças na Praça da Paz Celestial?

É por causa da moda que eles estavam lá?

Eles disfarçam, hipnotizam

A televisão fez você comprar isso



Eu estou apenas sentado no meu carro e esperando pela minha...



Ela tem medo que eu a leve embora de lá

Deixou seus sonhos e seu país sem ninguém lá

Hipnotize as mentes simples

A propaganda nos deixa cegos



Eu estou apenas sentado no meu carro e esperando pela minha

garota

Eu estou apenas sentado no meu carro e esperando pela minha

garota

Eu estou apenas sentado no meu carro e esperando pela minha

garota

Eu estou apenas sentado no meu carro e esperando pela minha

garota





Pedro Mancini

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Conseqüencias da Renúncia de Fidel

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Após 49 anos no comando direto de Cuba, Fidel Castro renunciou ao poder. Logo que isso ocorrreu, assim como em várias ocasiões em que o velho comandante demonstrou sinais de fraqueza, a mídia manifestou seu entusiasmo e sua esperança por uma "abertura política" na ilha.

Na realidade, a chance de mudanças concretas, para além do processo de abertura econômica já processo no país, é pequena, ao menos por enquanto - Fidel ainda detém o fundamental cargo de Presidente do Partido Comunista, além de uma cadeira no parlamento; além disso, quem assumiu seu lugar presidencial foi seu irmão mais novo, Raúl, que sempre lhe foi fiel.

Todavia, ainda é importante entender de onde vem essa "fome" da mídia, essa impaciência por alterações no regime de inspiração socialista desenvolvido no local. Segundo minha perspectiva, é evidente que o país necessita de enormes reformas políticas e de uma quebra da lógica totalitária difundida por seus líderes; o problema, contudo, é que as mudanças que o empresariado mundial espera que assolem Cuba vão muito além das referidas reformas democráticas.

O interesse mais imediato é o econômico, obviamente - mas, além disso, e provavelmente mais fundamental, trata-se de um interesse ideológico dos agentes capitalistas. É óbvio que, assim, como ocorreu na União Soviética, se o regime castrista cair em Cuba, forças do capital internacional não tardarão a aparecer para forçar uma transição LIBERAL de cunho ECONÔMICO, bem antes do que uma "transição democrática". Como o mercado cubano possui importância minúscula na perspectiva econômica global, a liberalização total da economia representaria muito mais uma vitória político-ideológica do capitalismo do que um incremento relevante ao mercado mundial.

Acima de tudo, o que se pretende destruir é o sonho do socialismo de forma geral, relacionando-o de forma inexorável à uma estrutura política totalitária, avessa aos princípios da heterogeneidade humana. Ao criticar o regime de Castro, o mercado finge dar ênfase ao autoritarismo de seu Estado, mas, no fundo, ataca seus avanços sociais - no que se refere, por exemplo, à educação e à saúde públicas da Ilha.


O processo da queda do "socialismo" (capitalismo de Estado, para alguns analistas mais realistas) da União Soviética é uma prova viva da história dos reais interesses do mercado. Poucos anos após a liberalização da economia russa, bilionários nasceram do nada no país, beneficiados pelas reformas econômico-estruturais tocada a cabo pelos seus líderes (em especial, por meio de privatizações em massa que assolaram a nação). Foi o caso de Mikhail Khodorkovsky, que passou a administrar a outrora estatal companhia petrolífera Yukos, mais poderosa do país - a ponto de se tornar um dos homens mais ricos do mundo, em um intervalo de tempo impressionantemente curto. Por sua vez, quem analisa a Rússia de hoje sabe que, a despeito dessa liberalização econômica, reformas de cunho democrático ficaram longe de atingir os patamares esperados; até hoje, críticos de todo o planeta apontam para a truculência do governo local, que, entre outras medidas, proibiu manifestações e prendeu quantidade considerável de opositores políticos.


Não tenho dúvidas de que Cuba corre um risco similar, passível de concretização quando se der a queda do castrismo: a destruição quase obsoluta do "lado positivo da ilha", para o bem do "capital internacional", e, em paralelo, uma manutenção considerável (salvo algumas reformas "pincelares") da estrutura política atual - que corresponde, na minha visão, ao "lado negativo" do país. Conseqüências de uma associação simplista e, infelizmente, muito arraigada na mídia, entre um controle estatal dos meios de produção e uma forma autoritária de controle do Estado por um grupo burocrático corruptível. Quem conhece as publicações de socialistas históricos de renome, como Rosa Luxemburgo, sabe que tal associação é tão errônea quanto mal-intencionada. É uma pena que experiências humanamente catastróficas como a soviética, a cubana e a chinesa tenham dado tando respaldo a essa visão pessimista sobre a ideologia socialista, prestes a sofrer uma nova derrota.
Pedro Mancini

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Urso de Ouro a Padilha: celebração à polêmica?

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Sábado, dia 16 de fevereiro de 2008: José Padilha, diretor do sucesso "Tropa de Elite", conquista o Urso de Ouro em Berlim - mesmo prêmio ganho, dez anos antes, por Walter Salles Júnior, pelo filme "Central do Brasil".
Assim como quando lançado em nosso país, na Alemanha o filme de Padilha criou um grande alvoroço entre a crítica, que se manifestou de diversas formas: alguns acusaram o formato do filme de "fascista", responsável por uma apologia inconseqüente da violência por parte do Estado - incluindo a mundialmente condenada prática da tortura (que apenas alguns poucos líderes, como o belicista George W. Bush têm coragem de defender abertamente: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u372710.shtml); outros aplaudiram de pé a obra de Padilha, celebrando seu realismo implacável. Veja matéria na Folha com uma listagem de críticas relevantes feitas por jornais e revistas européias: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u371897.shtml.



José Padilha recebe seu "Urso de Ouro" em Berlim


É incontestável que "Tropa de Elite" põe o dedo em feridas bem feias da realidade brasileira, e que precisam de trato "médico" imediato. O realismo do filme tem esse mérito, de apontar em que ponto perigoso a sociedade brasileira chegou - ponto esse que, infelizmente, costuma ficar obscurecido por toda a festividade presente em nossa cultura, festividade essa que serve como uma espécie de narcótico para nossa capacidade de pensar de modo crítico a sociedade em que vivemos.

Contudo, começo a me perguntar até que ponto toda essa polêmica a respeito da intenção "real" do filme mereça uma resposta definitiva: Fascista ou apenas "corajoso"? Apologista da violência policial ou uma forma velada de crítica sobre a mesma?

Talvez a intenção de Padilha não possa ser encontrada em nenhuma dessas respostas. A polêmica, por si só, pode ser a "razão de ser" principal do filme, diferentemente de uma mera defesa ideológica - o próprio Padilha parece admitir não se enquadrar em um lado ideológico, ao criticar, em seu discurso em Berlim, a distinção entre "direita" e "esquerda" que persiste há séculos na sociedade ocidental. Esse ponto é uma demonstração central da estrutura pós-moderna do pensamento do diretor, expressa, por sua vez, no formato do filme premiado.

Desse perspectiva, o sucesso de bilheteria do filme poderia ser explicado por dois fatores principais: primeiro, uma apelação sensacionalista, com base na exibição exagerada de cenas de violência, e justificada pelo dito "realismo" adotado pelo filme; e, em segundo, pela polêmica que causou na grande massa da população, inclusive na crítica mais especializada, somada à possibilidade de apropriação da idéia por discursos ideológicos distintos.

Nesse caso, a fórmula adotada por Padilha teve clara inspiração na obra do diretor Fernando Meirelles, "Cidade de Deus" (2002) - que, do mesmo modo, por ser quase puramente "realista", deixava margem às mesmas interpretações distintas sobre a intenção do autor. Qual seria, afinal, a intenção desse último: romantizar o traficante a partir da personagem "Zé Pequeno" ou criticar o estilo de vida criado e mantido pelo crime organizado nas favelas? "Zé Pequeno" é herói ou vilão? E o "Capitão Nascimento"? Independentemente da relação oposta entre as duas personagens, a possibilidade dúbia de interpretação a respeito de seu caráter fez com que ambos os filmes discutidos se tornassem sucesso, tanto da perspectiva da bilheteria, quanto da crítica. Polêmica vende, assim como sexo e violência. Talvez mais.

Vê-se que José Padilha, que já havia seguido a cartilha do sensacionalismo sentimental em "Ônibus 174" (e faço essa crítica apenas à forma do filme, e não ao seu conteúdo, para mim muito válido), que apelava para relatos pessoais complementados por melancólicas músicas de fundo, aplicou uma "nova" fórmula para aprimorar seu estilo em "Tropa de Elite". Não mais tomou um lado específico da trama - o que fez claramente em seu filme anterior, expondo a surpreendente história de Sandro Barbosa do Nascimento, seqüestrador do Ônibus da linha 174 do Rio, e criticando a atuação do mesmo Bope carioca cuja competência foi reverenciada em "Tropa" -, mas deixou para o público tomar esse lado ao não deixar claro o quê defende e o quê, exatamente, condena (para além da denúncia da hipocrisia presente nas classes média e alta brasileiras, financiadoras do tráfico de drogas e de seus "soldados").

Deixando essa interpretação em aberto, Padilha, inteligentemente, agrega para si públicos que pensam de formas totalmente distintas - desde "fascistas" capazes até de defender a pura e simples destruição das favelas e que vibram com a ação do Capitão Nasciomento no filme, até uma massa que odeia a truculência de uma polícia que tortura primeiro e pergunta depois, e que ficou tão abismada e revoltada com a realidade exibida pelo filme quanto "fascistas" ficariam eufóricos e vibrantes.

"Ônibus 174", em termos de público, era limitado: só agradava verdadeiramente uma parcela da população que tinha visões ideológicas próximas daquelas exibidas no filme. "Tropa de Elite" faz uma evolução mercadológica ao escapar de tal limitação, agregando um público consideravalmente maior, cujo interesse é alimentado pela própria polêmica ambígua criada sobre a obra.



Pedro Mancini

Replanejamento

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Percebi que a presente extrutura desse blog deve ser alterada. Já notei que, ao mesmo tempo em que tenho publicado com um intervalo longo demais (com tendência pífia a chegar a apenas uma publicação por mês), os temas tratados acabam fugindo das preocupações mais atuais presentes na boca do povo.


É claro que não pretendo abrir mão de escrever sobre aquilo que me dá na telha, sendo em consonância com as notícias mais atuais ou não. Mas acho que a forma de publicação em que me apaguei é insuficiente para manter um blog minimamente interessante.


Dito isso, tentarei, a partir de hoje, cumprir uma meta mensal de publicação, em que estarão inseridas diversas FORMAS de realização de tal tarefa. Assim, manterei as análises temáticas (nos moldes das que foram feitas até aqui - sobre Hugo Cháves, a Globo e o filme "Beleza Americana"), mas pretendo incluir comentários mais abreviados sobre as notícias que assolam o mundo na atualidade. Ademais, almejo reavaliar minha atuação nesse blog de forma pública e casual, ao menos uma vez ao mês, e, esporadicamente (talvez uma vez a cada dois meses), publicar humildes resumos críticos sobre obras de autores do mundo acadêmico que me dispertaram certa paixão - sentimento que tentarei transmitir, em algum grau, aos meus escassos leitores.

Segue, então, uma esquematização mais "direta" sobre minha nova meta de publicação mensal:


- 1 vez ao mês: Análise sobre temas específicos;


- 1 vez ao mês: Auto-avaliações de minha atuação nesse blog e comentários sobre minha evolução pessoal;


- 2 vezes ao mês (a princípio): Comentários "curtos" sobre notícias da atualidade;


- 1 vez a cada dois meses: Análises críticas e breves sobre obras acadêmicas de meu interesse, assim como seus respectivos autores, de áreas acadêmicas diversas.






Pedro Mancini