quinta-feira, 20 de março de 2008

Recomendação de Leitura - Caso Isabella

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Enquanto eu não posto nenhuma interpretação particular sobre "o caso que está comovendo o país", como a mídia constuma definí-lo, envio apenas uma recomendação de leitura sobre o assunto - uma publicação do filósofo e cartunista da Folha Online Hélio Schwartsman.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u392839.shtml

quinta-feira, 13 de março de 2008

A Igreja Católica, o Brasil e a Hipocrisia

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Como se não bastasse o fato de nossa sociedade já possuir práticas culturais que se parecem com exemplos práticos dos "pecados clássicos" da Igreja Católica (apesar de o Brasil ser considerado o "maior país católico do mundo"), algumas figuras do Vaticano resolvem listar alguns novos "maus hábitos" que aproximam mais ainda os brasileiros de sua "inevitável danação".


Vamos a uma pequena análise dos pecados originais e dos comportamentos brasileiros equivalentes:



- Gula: Como todo país cheio de contradições, ao mesmo tempo em que a fome é propagada em regiões isoladas do Norte e do Nordeste, nos grandes aglomerados urbanos a gula é bastante comum entre os que têm alguma condição de comprar mantimentos; somos conhecidos por alguns dos pratos mais pesados do planeta, como a tradicional feijoada e o churrasco de tipo brasileiro. Sem contar as inúmeras empresas produtoras de "porcarias"no país - bolachas, biscoitos sabor "bacon" de marcas e qualidades muito variadas, etc. Além de comermos muito, comemos muito mal.



- Luxúria: segundo a Wikipédia, é o "desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material". Bom, não preciso me alongar aqui: o Brasil é tão sexualizado que atrai milhares de turistas sedentos por sexo fácil e barato a cada ano, especialmente no período do Carnaval. Somos considerados alguns dos melhores amantes do globo. E, é lógico, adoramos ostentar riquezas - mesmo quando não podemos pagá-las à vista, ou de nenhuma forma.



- Avareza: na concepção cristã, avareza leva o homem a idolatrar bens materiais ao invés do Deus Todo-poderoso. É exatamente o que fazemos quando nos tornamos tão obsessivos pelas "marcas" de nossas roupas e carros, dando-lhes uma "personalidade" como se fossem um ser vivo, e não um simples objeto de uso - "fetichizando" a mercadoria, como diria Karl Marx. Ademais, a mera acumulação de tais bens "reificados" vira um fim em si mesmo, e não um meio para a manutenção da existência material. Bom, não sei quanto a vocês, mas conheço inúmeros exemplos de pessoas "avarentas" nessa concepção, espalhadas, por exemplo, pelas regiões mais "civilizadas" da cidade de São Paulo.



- Ira: Ora, apesar de sermos "o país do carnaval", com fama de alegres, atenciosos e receptivos, só o somos com relação aos estrangeiros ou aos nossos amigos pessoais e familiares. Mas, assim que nos vemos obrigados a lidar com conflitos sociais, com o "povão" e os criminosos que povoam seu ambiente específico, largamos toda essa "boa vontade" e partimos para a agressão pura e simples; nos tornamos vingativos, irracionais, passionais: irados. "Pena de morte neles!" "Tem que torturar, mesmo!" Sem contar, é claro, a própria ira contiuda em nossa criminalidade, capaz de arrastar garotos pelas ruas e queimar jornalistas vivos do alto dos morros.



- Soberba: Já a soberba estaria relacionada à "tendência de um indivíduo para um modo de vida caracterizado por grandes despesas supérfluas e pelo gosto da ostentação e do prazer". Bom, não quero me tornar ainda mais repetitivo.



- Vaidade: é o desejo de atrair a admiração de outras pessoas. Somada à já discutida luxúria, desenvolve-se uma especial preocupação em chamar fisicamente a atenção dos outros. Somos o segundo país que mais se utiliza de cirurgias plásticas para melhorarmos nossa aparência; implante de silicone nos seios, então, praticamente virou "coisa de criança", literalmente. Sem contar o apelo de piercings, tatuagens e vestimentas mais "sexies", que também adoramos.



- Preguiça: Não tendo, aqui, a concordar tanto que o brasileiro, por excelência, seja preguiçoso: pelo contrário, muitos de nós trabalhamos até demais. Muitos acordam às quatro horas da manhã, e voltam para casa perto da meia-noite. Por outro lado, somos o país com um número absurdo de feriados nacionais. Mais uma área de extremas contradições, portanto.



Domingo, dia 9 de março, o monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana que trata das questões internas do Vaticano, publicou em uma entrevista no jornal L'Osservatore Romano uma lista contendo novos pecados capitais, a serem evitados pelos fiéis do Catolicismo - e pelos quais os mesmos devem solicitar o perdão divino. Vamos, agora, a uma análise sobre esses novos e divertidos pecados:



- Violações "bioéticas", como é entendido, por exemplo, o controle de natalidade: Ok, não somos tão craques nessa área, a julgar pelo número de recém-nascidos a cada ano; mas a população tem tantos filhos não porque sejam politica e religiosamente contrários ao uso da camisinha, mas por puro desleixo. E estima-se que somos um dos países com maior número de realizações de aborto ilegais.



- Experimentos com células-tronco: taí um fator positivo - fomos o primeiro país do Hemisfério Sul a ingressar no Projeto Genoma. Opa! Isso também seria pecado...
- Utilização de drogas: nosso "querido" tráfico já fala por si. Se vendem, tem quem compre. MUITOS que comprem.



- Poluição do ambiente: apesar de conseguirmos, um ano ou outro, reduzir nossa emissão de poluentes, ainda somos um dos países mais poluentes do planeta. Nossos rios são imundos, a multidão de carros nas grandes metrópoles não nos permitem respirar com qualidade há muito tempo... e nossas florestas são devastadas pelas queimdas, que, além de destruírem habitats naturais, ainda prejudicam mais ainda nossa sofrida camada de ozônio.



- Aumento da injustiça social: Já fomos "eleitos" pelas Nações Unidas como o país mais desigual do mundo! Mas, ao menos, parece que não temos "aumentado" nossa injustiça social, já que hoje ocupamos a 8ª posição no índice... entre mais de 190 países.



- Riqueza excessiva: se somos um dos países mais desiguais do mundo, isso só significa uma coisa: que existe um deseqülíbrio absurdo entre o número de ricos e o volume de sua riqueza e o número de pobres e sua referida pobreza. Logo, ao se considerar o número elevado de miseráveis do país, os ricos detém, de fato, uma "riqueza excessiva", da forma como esse pecado parece se referir.





Vemos, assim, mais uma faceta de nossa tão presente hipocrisia: o maior país católico do mundo também é um dos mais pecadores - senão o maior - de acordo com a ideologia da Igreja Católica.




Pedro Mancini

sexta-feira, 7 de março de 2008

Crise na América Latina- A cultura latino-americana de resolução de conflitos pela intolerância violenta

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Mais uma crise diplomática na América do Sul, mais uma oportunidade de propagação de absurdos. O recente ataque das forças colombianas ao território do Equador e muitas das suas conseqüências até agora não passam de mais uma representação da tentação latino-americana de resolver todas as suas questões - principalmente, seus problemas sociais e políticos - da forma mais intolerante e violenta possível.



A Colômbia destaca-se como principal representante desta problemática. Por décadas, governo, paramilitares de direita e guerrilhas de esquerda confrontam-se utilizando todos os meios necessários para manter uma ordem pautada na intolerância, de um lado, ou, de outro, para impor um determinado ponto de vista a toda uma nação. O governo colombiano sempre se utilizou de meios escusos para combater as FARC e o ELN - contratando, por exemplo, paramiliares que utilizam métodos tão ou mais terríveis do que as guerrilhas comunistas para combatê-las, aplicando venenos tóxicos internacionalmente condenados para destruir plantações de maconha (afetando moradores de vilas diversas, e atingindo, ainda, o território de outros países) e comentendo puros e simples assassinatos a representantes políticos dos revolucionários, mesmo após tentativasde paz - sempre fracassadas.



As FARC, por sua vez, já mostraram ao mundo que são capazes das maiores atrocidades contra a população colombiana. Nascendo em uma época de forte radicalismo e segmentação entre direita e esquerda no sub-continente, quando governos populares e ditaduras militares competiam diretamente, a guerrilha respondeu da forma violenta reconhecida na época para alterar toda a realidade social - uma vez que a violência e a falta de espaço democrático inerente aos próprios governos da época impediam a viabilidade da atuação parlamentar desses revolucionários. Aprimorando apenas seus meios técnicos de utilização da violência, sem, no entanto, conseguir avançar muito no que se refere à sua atitude política e ao trato de sua imagem, a guerrilha de hoje encontra-se em uma posição anacrônica em relação à população colombiana mais ampla - que, tendo seus membros seqüestrados continuamente, anseiam por uma solução rápida do conflito.



O fracasso das negociações entre a guerrilha e o governo de Andrés Pastrana, em 2000, eliminou a última chance até então de finalizar uma onda de intolerância mútua, em que ambos os lados poderiam ser amplamente beneficiados. Ao contrário, o que houve prejudicou os dois lados da guerra civil; de um lado, o governo desceu novamente ao nível do terrorismo, utilizando métodos condenáveis de combate à sua própria população - e ainda, com pleno suporte econômico e militar do governo norte-americano. Em última instância, mostrando o quanto a Colômbia de hoje não mede as conseqüencias de seus atos com racionalidade (ou boa-fé?), a postura militarista de Álvaro Uribe resultou em um massivo incidente internacional.



As FARC, por sua vez, ao não conseguirem selar a paz, perderam muito de seu apoio popular, sofrendo um desgaste sem precedentes, além da perda pura e simples de milhares de vidas e centenas de quilômetros de território controlado.




O fato é que, independente da visão política presente em cada lado dessa história, nenhum deles representa uma alternativa para a América Latina - antes de tudo, pelo seu método de existência. De forma alguma um Estado de direito, como se considera a Colômbia de Uribe, deve se pautar apenas em meios militares, paramilitares e terroristas para combater quem quer que seja - ainda mais, uma parcela de sua própria população (fato esquecido: sim, os membros das FARC são colombianos). Assim como o governo da cidade do Rio de Janeiro, e outros tantos prováveis exemplos presentes em toda a América Latina, o Estado se vê desobrigado a inserir a parcela diretamente influenciada pelos criminosos, e afetada por uma situação de aterradora desigualdade social, em sua população assistida - se vendo reduzido à função repressora e excludente, e acabando por criminalizar a situação da pobreza em si.


Tal situação absurda cessará apenas quando o Estado deixar de se ver e ser visto a partir dessa única função repressora e violenta, e preocupar-se mais notadamente com a inclusão dos membros desfavorecidos de sua sociedade - não afastando e punindo os miseráveis, mas, pelo contrário, fazendo-se presente na missão de tirá-los de tal situação, inserindo-os na sociedade mais ampla. Seja ela colombiana, brasileira ou de qualquer outra nação desse sub-continente.






Pedro Mancini

segunda-feira, 3 de março de 2008

Nota rápida sobre o Show do Iron Maiden

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Simplesmente fantástico. Os maiores clássicos da banda foram tocados, incluindo The Number of the Beast, Fear of the Dark, Powerslave e The Trooper. É claro que, a respeito de muitas músicas, minha namorada, muito mais metaleira, me humilhou em seus conhecimentos: sabia de cor do início ao fim de quase todas as músicas tocadas (e não somente o refrão, como a grande maioria presente).

Péssima, apenas, foi a apresentação de abertura, com a filhinha do Steve Harris... cada letrinha fraca, batida. O pior é que a banda dela, em si, parece boa. Muita embalagem para pouco conteúdo. Quase fiquei com pena da garota, dada a reação morníssima (para não dizer "gelada")
do público, mas aí matutei: Pô, cantando musiquinhas pop românticas e bobinhas no meio de milhares de metaleiros fanáticos, esperava o quê?? Ser ovacionada por longos minutos?


Obs: A cinco minutos do início real do show,uma chuva moderada atingiu o estádio... nós, desprevenidos, nos ensopamos e eu tive que passar o resto da noite sem minha camiseta nova do Iron. Mas até que no final, foi refrescante...