domingo, 6 de outubro de 2013

Viagem ao Peru, 1ª parte: As vésperas. Preparativos, apoios e reconhecimentos

Nenhum comentário:
A partir de agora, reproduzirei meus relatos sobre a viagem que fiz recentemente ao Peru - especificamente, à Terra dos Incas. Faço isso atendendo à sugestão de uma pessoa querida, que percebeu a dificuldade em resgatar, com o passar do tempo, os primeiros relatos pelo Facebook.

Assim, se houver alguma alma viva que suporte minhas histórias e tenha curiosidade em conhecer mais sobre os lugares por onde passei e as experiências que vivi, poderá se deleitar em um só lugar...


As vésperas: Preparativos, apoios e reconhecimentos

A história começa muitas horas antes do embarque no avião de uma companhia peruana. Por mais que eu houvesse me preparado material e psicologicamente para a viagem, sabia que seria cansativa: teria que acordar de madrugada, por volta das três horas, para pegar um táxi até Guarulhos (o que me custaria bastante) e embarcar às 6h20min. E isso, após uma semana de trabalho bem exaustiva.

Graças à minha fase solitária, não havia, inicialmente, contado com qualquer ajuda. Afinal, esse é o sofrimento que todos que viajam passam – nada demais para ficar choramingando, certo? Mas, na última hora, permiti o auxílio de pessoas queridas, que me facilitaram muito a vida, alimentando minha admiração pela interação humana, pelos amigos e pela família. Isso pode parecer banal para a maioria, mas não para mim. 

Dois dias antes da viagem, pedi emprestada uma mala com rodinhas, relativamente grande, já que só possuía malas antigas, que tinham que ser carregadas o tempo todo – bem pouco práticas, portanto. Deixei-me contar com o outro, e o outro respondeu ao meu chamado prontamente: emprestaram-me uma mala novíssima, moderna, grande e prática, com um cadeado interno codificado e tudo... Fiquei admirado com a disposição da colega em oferecer essa mala e carregá-la no ônibus somente para emprestá-la, e jurei que a trataria com todo o cuidado.

A véspera da viagem pareceu um choque de estresse antes da quietude prometida pelo paraíso Inca. Corri de um dos meus trabalhos para a defesa de doutorado de uma amiga – a qual nunca permitiria faltar -, tendo uma quantidade de tarefas relativamente grande para concluir antes de partir ao aeroporto. É claro que pouco avancei nesse sentido: não pude comemorar o sucesso da defesa da amiga, tendo que correr para arrumar a bagagem em casa, e nem completar todas as pendências profissionais. Mas tive uma grata surpresa quando meu pai se ofereceu para ajudar, buscando a mala emprestada por minha amiga na Paulista e deixando-me dormir em sua casa para, bem cedo, me levar ao aeroporto. Em dois dias, duas alegrias trazidas espontaneamente pelo Outro – ajudas que, ao que parece, finalmente aprendo a valorizar de verdade. Enxerguei, como se aos poucos me curasse da cegueira, esse Outro altruísta, empenhado a enxergar minhas necessidades e me oferecer a mão. Ele sempre esteve por aí, mas... Como pude menosprezá-lo por tanto tempo? Pura idiotice mas sigamos.

Graças a tal ajuda alheia, e apesar da correria, tudo deu relativamente certo nas vésperas da viagem: mesmo com um sono atrapalhado como sempre, consegui chegar ao aeroporto na hora certa e, feliz, embarquei para a viagem de minha vida. Mas ainda precisaria sofrer um tanto antes de aproveitá-la em sua plenitude – um sofrimento necessário para “lavar a alma” para os ambientes tranquilos e mágicos que visitaria, talvez. 






Pedro Mancini